quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma pausa


"I've got wild staring eyes
I've got a strong urge to fly
but I've got nowhere to fly to" 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nanquim e Borracha

Eu queria um recomeço, ou mesmo, viver uma vida de papel, escrita a lápis, pra não ter de afogar pessoas ou lugares em tóxica tinta corretiva. Mas pessoas e lugares estariam a salvo. Pessoas e lugares primeiro. A borracha suja que tentei usar é que me torna esse borrão que sou, movendo-me entre todas essas obras de arte. Meus contemporâneos, outros borrões, aparentam simplesmente felizes em sua falta de forma, leia-se neles: liberdade.

Eu não nasci para ser borrão.

Eu me tornei um por ser um desenho mal planejado desde o início. Eu tentei me apagar e tornei-me livre, leia-se: marginalizado. Agora eu tento me apegar às obras livres, quando elas não percebem que sou uma mera imitação acidental. Aprendo tardiamente a poder subir por sobre os carros e gritar frases de efeito. No meu caso, efeitos desconexos. Aprendo a poder enviar poemas em mensagens de texto a vultos que passam pelos framesda minha vida (diga-se: existência). Aprendo a poder ser desnecessariamente indiferente ao meu próximo
bíblico, aqui entenda-se: você, e a reservar espaço no meu coração borrado a qualquer que me escreva um bom dia um pouco mais colorido. Aprendo a poder, porque posso. Ainda que precise visitar cadafalsos e decidir se faço porque posso ou se fico onde cheguei, meu atual estado civil de apego, que meu ser desforme me dá a desleixada e perigosa liberdade de chamar de amor. A liberdade de uns magoa o coração saudável daqueles que puderam ter em seus desenhos, uma arte-final, onde eu vejo princípios e outros vêm limites. Meus contornos vieram falhos, minhas certezas me escapam como seu suco de laranja de um recipiente sem fundo, onde eu colocaria coca-cola.