terça-feira, 12 de outubro de 2010

Parágrafo desnecessário.

Devia saber que não estava pondo nada pra fora. Depois de levar umas três vidas, assim como quem leva o cachorro chato do vizinho pra passear, quando todas elas parecem uma peça tão perdida e sem graça que os mesmos atores tem agora papéis que se perguntam se realmente estiveram em outras cenas. Aquilo sim eu estava pondo pra fora. Você não. Nas últimas três manhãs acordei tentando te tirar da parte de trás da minha cabeça, que é onde você deu de morar agora. Essa presença de corpo ausente de você estraga tudo. Sinceramente eu tenho tentado rasgar meu inconsciente, te pegar pelo braço, te jogar na calçada e chutar teu estômago, te violentar e ir embora, mandar você nunca mais voltar. Fico me perguntando qual a necessidade disso tudo, se não deixei com você nenhum livro emprestado e os cds que eu te dei, nem faço mais questão de que voltem. Você devia ser agora só mais um personagem estranho, outro período, outro parágrafo já lido, já sentido. Você não faz sentido e minha cabeça um dia vai começar a sangrar enquanto meus olhos poderiam apenas um dia ter chorado, como nunca se fez, nem pelo fim que não houve nem pelo começo que eu não entendo. Há apenas um durante que teria durado, se você não fosse covarde, se eu tivesse mais maneirismos. Agora não temos mais nem tempo. Você merece um ponto final.

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