quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cabeça sobre capuccino

Um capuccino e uma coxinha. Por ter feito as contas e por achar que convinha, eu tomava café todas as manhãs no café do super-mercado pra reparar na vida alheia. Era novidade pra mim. Por que uma coxinha e um capuccino, Rafael, Pedro, Daniel? E por que não? Eu dava bons dias em dias nem sempre bons e em outros eu esquecia. Agora estava de frente a uma coxinha e um capuccino e não me lembrava se dera ou recebera um bom dia, tanto do universo quanto da minha mesa vizinha. Se sua aura te denuncia, se o universo e a posição dos astros dizem suas poucas e suas boas, se você é o que você come, o que é uma coxinha e um capuccino para o signo de libra em olhos apertados de sono?

Por certas vezes, dividi minha mesa com outros alguéns. Tive medo. Pela boca abrem-se as portas do meu particular mundo meu. E se descobrirem? Eu nunca tenho nada a dizer porque já digo tudo pra mim. Você vai ter que acreditar no que meus olhos, meu signo e minha coxinha com capuccino disserem a você sobre mim. E um deles sempre mente, o outro não se explica, os outros falam outra língua.

Hoje sentou-se ao meu lado e me fez sentir falta de ontem. Levei meu café imaginando como seria amanhã. É o que faço aqui nesse mundo, passo o tempo trocando o que é pelo que seria, sabendo que tudo isso já foi.

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