quarta-feira, 30 de junho de 2010

Olhos

Eu sou daquele tipo mal educado que encara as pessoas. Mas eu não faço por mal, eu só não consigo evitar porque eu escreveria um Ulisses para cada olhar que cruza o meu durante cada dia de aventura que é sair de casa pra viver nesse mundo doido. É que eu preciso saber de cada vida.
Mas eu estaria mentindo se dissesse que me lembro de cada pessoa pelos olhos.
Da Amanda, por exemplo, eu lembro o topo da cabeça e o começo das costas, da Raquel, o movimento dos cabelos, da minha mãe a sobrancelha esquerda e do Daniel a semelhança entre ele e aquele retrato do avô que ele tem na sala de casa.
Do Bruno eu lembro os olhos,
ou os óculos.
Mas é porque o Bruno tem aquele olhar de quem vai te pegar pela mão e te levar pra viver tudo que há de mais divertido nessa vida, que vai te cuidar e te deixar e te comer vivo e viver com você e todo mundo mais dentro dele, tem um mundo dentro do Bruno. O Bruno tem olhar de gente que está viva, me dá um medo e uma vontade. Gente assim, porque deve existir mais gente assim, parece que descobriu uma coisa óbvia sobre tudo, ou já nasceu sabendo, mas não sabem que os outros não sabem. Acho que depois de Adão e Eva, Deus fez os antepassados do Bruno mas eles fugiram do Éden por livre e espontânea vontade, e agora existem essas gentes entre nós. Acho isso uma tremenda sacanagem.

2 comentários:

  1. eita, isso aqui bomba enquanto eu fico anoslúiz sem ler. mas tou de férias, tou fuçar tudim agr.

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  2. whoa!
    tamos de férias e o mundo é nosso.
    vamo escrever!

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